segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Tony Allen no Festival Músicas do Mar

O Largo do Passeio Alegre foi o local escolhido para receber o percussionista nigeriano Tony Allen, na abertura do I Festival Músicas do Mar, que decorreu na Póvoa de Varzim, de 30 de Agosto a 2 de Setembro.

Tony AllenNa passada 5ª feira, 30 de Agosto, cerca de 500 pessoas dividiam-se no recinto, entre curiosos nas bancadas, conhecedores e outros ávidos de mais e melhor conhecimento (onde me incluo eu...). A dada altura, o esvaziar das bancadas correspondeu a um aumento de pessoas que não quiseram deixar de dançar e desfrutar do estilo 'afro-beat', alternado entre ondas 'chill' e outras mais 'groove'.

O timbre agudo de Tony Allen, perto do imaginário de um "Barry White africano", acompanhado com a sua bateria, funciona como timoneiro de um barco onde os metais e os teclados assumem também assinalável importância. Músicas como "Ise nla" (ver vídeo) ou "Kindness" (ver vídeo) são um óptimo exemplo desta descrição...

A adesão por parte dos presentes foi bem visível. O próprio Tony Allen, que assumiu não ter uma postura muito comunicativa, disse sentir o publico "with tha groove"... E bem o podia sentir. De facto, aquilo que nos é dado a ouvir passeia entre uma sonoridade quase celestial, que convida a um estado de contemplação, e uma sonoridade mais dançável, com um apelo a (tentativas de) danças num formato, chamar-lhe-ei, livre...

Na 6ª feira, a animação esteve a cargo do conjunto grego/cipriota comandado por Alkinoos Ioannidis. Provavelmente, pela fasquia estar colocada a um nível altíssimo depois do concerto de Tony Allen, a competência técnica e o cumprimento musical com um certo sabor 'folk' não foram suficientes para segurar os já de si pouco expressivos presentes no concerto.

EddieNo sábado, foi a vez do Brasil se fazer representar por Eddie, num registo pop-rock que, sem deslumbrar (longe disso), fez por cumprir a sua função de animar o (pouco) público presente no recinto. Ainda assim, vislumbrou-se alguns conhecedores do seu som e que não deixaram de cantar algumas das músicas, como foram o caso de "As lombrigas e os vermes" (ver vídeo) e "Quando a maré encher" (ver vídeo).

É o balanço possível do Festival que, segundo palavras da organização, se quer afirmar, nos próximos anos, como uma referência a nível de "world-music". Prometo, desde já, estar atento às próximas edições e aferir do esperado crescendo de qualidade nos artistas seleccionados.

Hugo Canossa - "Apreciações" #006