sábado, 31 de março de 2007

Ursula Rucker na Fnac de Santa Catarina

Ursula Rucker Ursula Rucker esteve na Fnac de Santa Catarina, na passada quinta-feira, 29 de Março de 2007, para promover o novo álbum "Ma'at Mama", e o concerto de apresentação a decorrer nessa noite, na discoteca Indústria (Porto).

Com um (curto) "showcase" de 3 músicas, a poeta-cantora de Filadélfia (EUA), que já foi 'a' voz dos "4 Hero", e já colaborou com nomes como "King Britt", "Josh Wink" ou "The Roots", presentou o público presente com ritmos hiphop, soul e jazz a envolver a poesia intervencionista e fluida, que apela e chama a atenção para a independência da criação musical e à própria libertação daquelas etiquetadas como 'supa-sistas'.

Para uma plateia de 150 pessoas, para quem as 3 músicas souberam a pouco, foi a oportunidade de abrir o apetite e ficar atento ao novo álbum.

Hugo Canossa - "Apreciações" #002

segunda-feira, 26 de março de 2007

Há crítica de arte em Portugal?

Esqueci o que fui ontem. Hoje sou isto. Amanhã poderei ser ou não.
A isto costuma catalogar-se de Loucura (não a loucura do Erasmus, claro).
A ausência da consciência da temporalidade implica uma ausência da noção de eternidade.

Começamos pois por salientar o carácter efémero de muita da arte dos nossos dias e de qualificar esse facto como algo de indesejável, na medida em que consideramos a arte “coisa” de eternidade, “coisa” não sujeita a upgrades, “coisa” livre, pois sim.

Será necessário falar do encerramento do Rivoli e a posterior entrada triunfal do equivalente ao McDonalds do teatro de revista, o nosso querido Filipe La Féria (será mais um dos Filipes que vêm ocupar o que não é deles?)? Iremos abordar a última ARCO? Podemos ainda falar da ausência total de crítica de arte nos jornais e revistas da actualidade? Porque não? Parece que à terceira é de vez.

Encontramos estrelas dadas às estrelas de cinema e aos filmes de cinema, e podemos constatar que há permissividade, não só para falar bem como para se falar mal, de um filme, ou seja, criticar de forma menos positiva um objecto sujeito a crítica.

Eis que chegamos “aqui” ao “primeiro” assunto desta nossa querida rubrica. E o assunto é: a ausência de uma verdadeira crítica de arte nos media nacionais (e quiçá internacionais).

A crítica existente em Portugal, no que concerne às artes plásticas, está resumida a pequenos textos introdutórios às exposições que por aí flagram, textos esses que, muitas das vezes mal escritos, são encomendados pelos próprios artistas ou pelas próprias galerias. E não nos parece, a nós (pois claro, gente na qual incluo os meus queridos leitores com algum palmo de testa e eu próprio, com um palmo mais pequeno), que alguém encomende algo que não lhe seja favorável. Podemos então somar dois mais dois e chegar à conclusão que a crítica de arte em Portugal é, se não mesmo inexistente, mercenária.
Tendo em conta as altas pressões que poderão ser infligidas sobre o vosso querido narrador, este despede-se introduzindo um escafandro que, esperançadamente, o protegerá. Até breve.

Hugo Santos - "State of the art" #001

quinta-feira, 22 de março de 2007

Blasted Mechanism

Conheci os Blasted Mechanism há uns 4 ou 5 anos nas noites da Queima das Fitas do Porto. Quando escrevo "Conheci...", refiro-me à primeira vez que tive o privilégio de fazer parte das viagens cósmicas em busca da espiritualidade (conforme Karkow, Ary e Valdjiu apregoam...), aquilo a que vulgarmente chamamos de 'concertos'.

O nome Blasted Mechanism vive comigo há já uma década, resultado de anos consecutivos de leitura do Blitz. Na altura, não imaginava (limites meus e do próprio meio de comunicação...) o som que aqueles 'seres' travestidos de alienígenas poderiam ou conseguiriam emitir. Por variadíssimas razões, apenas em 2002 ou 2003 consegui vê-los, ouvi-los. Também senti-los. Sim. Um concerto dos Blasted Mechanism sente-se. Ainda hoje recordo com um sentimento de nostalgia saudável a sensação absorvida naqueles 90 e não-sei-quantos minutos de espectáculo. A frase que mais pensei durante aquela performance foi "O que é isto?...". Na altura, não resisti a tentar partilhar a experiência com uma pessoa amiga através de um contacto estabelecido por telemóvel, avisando que ouvir não chegava. 'Aquilo' tinha que ser também visto.

Desde então, tenho acompanhado com especial atenção a viagem destes seres, tentando estar presente nas aterragens das digressões que efectuam. De lá para cá, assisti a cerca de 10 concertos dos Blasted Mechanism, sentindo um crescimento exponencial, musical, conceptual, e (ou mas?) também mediático.
Percebe-se perfeitamente que este projecto tem sido fortemente alavancado pelo apoio do Blitz, Sic Radical e Ant3na, desde o lançamento de "Namaste". O que estou a querer dizer com isto? Nada. Acho muito bem que projectos como estes tenham apoio de especialistas na área da promoção (imprensa, tv e rádio, neste caso...) se, com isso, me for dado a conhecer mais e melhores projectos.

É motivo de uma satisfação enorme poder inaugurar a crónica de "Apreciações" do brakebit.blorg com a minha apreciação (lá está...) do concerto (ou viagem cósmica...?) de apresentação do novo álbum "Sound in Light", realizado no passado sábado 17 de Março no Pavilhão Municipal de Gaia. Se hoje a sensação já não é (não podia ser...) de surpresa total, é de expectativa(s), quase sempre atingida(s) e superada(s).

Blasted MechanismA 1ª palavra vai para os figurinos. Dirão alguns de vós, desde já, "Pois, os fatos são sempre muito malucos. Mas há mais alguma coisa para além disso?". Há, respondo eu. Convicto. Há toda uma mensagem, uma música transmissora dessa mensagem e um figurino que 'embrulha' toda essa música e mensagem. Chamemos-lhe o conceito Blasted Mechanism!
A nova geração está agora (tra)vestida de algo semelhante a "soldados do Cosmos". Detalharia, dizendo que os novos figurinos são impactantes, luminosos!, situados entre um misticismo ancestral e um futuro cósmico.
Li algures que "parecem os Power Rangers". Sim. Fazem lembrar os Power Rangers. A estes, nunca lhes achei piada. O 'som' deles nunca me agradou. Os Blasted Mechanism são bem melhores. Agrada-me a mensagem e agrada-me ainda mais a música que emitem para transmitir a mensagem de união, solidariedade e paz...! Uma paz intensa, frenética, atingida através da transmissão orgânica nas performances ao vivo.

A sonoridade dos Blasted Mechanism avança no caminho da multiplicidade de etnias e tribos, com letras que apelam à procura incessante de uma sã e positiva espiritualidade, através de um código linguístico entre o inglês e o karkoviano. O ambiente festivo mantém-se, supera-se constantemente após a sucessão das várias músicas.
Apelando ao imaginário antigo de temas como "Are you ready?", "I believe" e as inevitáveis "Atom bride theme" e "Karkow" (ver registo vídeo), a banda apresentou temas do novo álbum, onde sobressaem, por ora, o tema single "All the way" (ver registo vídeo), mas também (pressente-se novos e frenéticos 'hits') "Battle of Tribes" (ver registo vídeo) e "Total Rebellion".
A reacção do público é cada vez mais sentida, interactiva, reactiva. Se, em alguns momentos, a música estimula uma partilha serena, noutras é requerida uma atitude mais frenética. De facto, não me recordo de ver, em concertos dos Blasted Mechanism, público com atitudes passivas. Quem não estiver para dançar, saltar, gritar, fica o conselho: não façam parte destas viagens. Se aparecerem, venham preparados. Física e mentalmente.

Duas palavras finais para a alteração do local do concerto e o início do mesmo.

Inicialmente previsto para o Teatro Sá da Bandeira, o espectáculo foi, conforme email recebido, "por motivos alheios aos Blasted Mechanism", transferido para o Pavilhão Municipal de Gaia. Exterior do Pavilhão Municipal de Gaia, sob uma tenda montada para o efeito, acrescento. Parece-me que o público ficou a ganhar. Não vejo o Teatro Sá da Bandeira com condições acústicas e espaço suficiente em palco para servir de ponto de aterragem da nave dos Blasted Mechanism, cujo som emitido exige espaço aberto para que respire bem, algo difícil de conseguir em espectáculos realizados em espaços fechados (sensação reforçada no concerto de encerramento da digressão de promoção de "Avatara", no passado Novembro, no Hard Club).

Não faço parte dos que contribuem para que os concertos comecem 1 ou 2 horas depois do estabelecido. Já gastei (perdi?) largas horas da minha vida por chegar 10 minutos antes da hora prevista para início de concertos, e passar por autênticas "secas", aguardando que as salas enchessem e que as bandas entendessem como a altura certa para os iniciar.
Por motivos de força maior, apenas consegui chegar ao Pavilhão Municipal de Gaia às 22h58. Não consegui conter uma sensação de fustração por, desta vez, o atraso no início do concerto não ter ultrapassado os 30 minutos, tendo os Blasted Mechanism iniciado a viagem por volta das 22h30. Apetece-me perguntar a que horas teria começado se, como é meu timbre, tivesse chegado às 21h50. Prometo estar atento a esta nova - e para ficar, espera-se - cultura do cumprimento (foram só trinta minutitos de atraso...) dos horários estabelecidos.

Hugo Canossa - "Apreciações" #001

segunda-feira, 19 de março de 2007

Crónicas e cronistas do brakebit.blorg

crónica s. f.
do Lat. chronica
fem. sing. de crónico
narrativa histórica, segundo a ordem dos tempos; noticiário dos periódicos; comentário de factos da actualidade; referências desfavoráveis à vida de alguém; revista científica ou literária que forma uma secção de jornal.


cronista
s. 2 gén.,
pessoa que escreve crónicas; historiador.


Definições do
"Dicionário da Língua Portuguesa On-Line", consultado em 15 de Março, 20h55



Hugo Canossa "Apreciações"
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Hugo Canossa, cronista de Apreciações





apreciações
derivação fem. plu. de apreciar
fem. plu. de apreciação
apreciar
do Lat. appretiare
v. tr.,
dar valor ou apreço a; ter em apreço; estimar; considerar; avaliar; julgar; calcular.


Definição do "Dicionário da Língua Portuguesa On-Line", consultado em 15 de Março, 20h58



Local multifacetado, concentrado de manifestos multi-artísticos, multi-culturais e multi-opinativos, onde terão lugar as apreciações, principalmente, mas também as sugestões e críticas. De quê? De tudo!

Desde discos a apresentações de discos, concertos, lançamentos de livros novos, mas também livros já lidos, estreias de filmes, mas também opiniões sobre os 'clássicos' do cinema (DVD killed the VHS stars? Claro. VHS also killed the Beta stars...), restaurantes novos mas também recantos de bem-comer e bem-beber, bares idos e bares vindos, discotecas de ontem, de sempre e do amanhã.

Estaremos presentes (fisicamente) em debates, seminários, colóquios de temas actuais, actualíssimos, importantes, ou nem por isso, desde que merecedores da nossa atenção. Vamos levantar a nossa voz. Temos perguntas para fazer. Esperamos ter respostas para ouvir.

Vamos estar aqui para apreciar. Com perspectivas de 360º. Que comecem os desfiles...



Hugo Santos "state of the art"
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Hugo Santos, cronista de state of the art





Caros artistas, artesãos, consumidores de arte, gente comum, público em geral.
É chegada a altura de meter as mãos na massa, no lodo, na verborreia pardacenta da nossa elite artística, para dela retirar qualquer coisa a mais do que um simples aperitivo ou um copinho de vinho do porto. É inaugurada, sem pompa nem circunstância, aqui e hoje, a crónica "State of the art".

“E o que se irá aqui tratar”, perguntam, e muito bem, os meus caros amigos.
Pois bem. Para perguntas difíceis, respostas difíceis.

Aqui poderemos, iremos certamente, quiçá de forma algo atabalhoada ou barrocamente poética, abordar os assuntos emergentes da arte dos nossos dias. É certo e sabido que a arte dos nossos dias é a arte de ontem, a arte de hoje e a arte de amanhã. Corremos pois o risco de ter uma escala temporal demasiado grande para o pretendido. Sendo que a mente humana é limitada e preguiçosa, tendo ainda em conta que essa característica se encontra bem oleada no cérebro deste vosso humilde narrador, somos forçados a limitar o tempo artístico aos momentos mais próximos que agora vivemos, sendo que o agora abrange um período relativamente curto de um ano, mais coisa menos coisa.

Não se trata pois de uma agenda cultural, nem de uma crítica, no verdadeiro sentido da palavra, mas sim de um critério crítico agendado de forma assimétrica. Talvez seja mesmo qualquer coisa deste género.

Despeço-me dos meus amigos, prometendo críticas agre-e-doce nas futuras incursões.



Nuno Gomes "Estranha Mente"
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Nuno Gomes, cronista de Estranha Mente





estranha

3ª pess. sing. pres. ind. de estranhar
2ª pess. sing. imp. de estranhar
fem. sing. de estranho
estranhar
v. tr.,
achar estranho, diferente daquilo a que se estava habituado, ou daquilo que se esperava; achar censurável; censurar; não se familiarizar com;
v. int.,
sentir surpresa, admiração; ficar ou sentir-se desadaptado.


mente s. f.
3ª pess. sing. pres. ind. de mentir
2ª pess. sing. imp. de mentir
mente
do Lat. mente
inteligência; intelecto; poder intelectual do espírito; espírito; tenção; desígnio; intuito; memória;
lembrança; concepção, imaginação.


Definição do
"Dicionário da Língua Portuguesa On-Line", consultado em 15 de Março, 21h03


Estranha mente... ou o terrorista do senso comum.

Espaço onde mensalmente se apresentarão pontos de vista sobre tudo e mais alguma coisa. Das grandes preocupações mundiais às regionais, passando pelas grandes questões filosóficas, sociológicas e até económicas.

Será uma versão para agnósticos das encíclicas papais ou um guia para desorientados conformados.

Nestas crónicas ou desabafos tudo será posto em causa. No entanto, gostaria de advertir que muito poucas respostas serão dadas. Tentarei destruir ideias feitas e estereótipos para os substituir por indefinições, ambiguidades e parvoíces. No fundo tornar o mundo o mais parecido possível com as nossas vivências mundanas.

Quantas vezes deu por si a repetir a frase “Serei eu que estarei a ficar estúpido, ou…”? Pois é por este simples, mas preocupante, motivo que a Estranha Mente tenta algo único: provar que o primeiro sintoma de um maluco (dizer que não o é, os outros é que estão), não é mais que o último suspiro antes de ser engolido por esse monstro chamado senso comum.

Numa sociedade onde as pessoas são na mais geral das generalidades classificadas como normais ou malucas, a Estranha Mente oferece uma nova ordem social: contra os carneiros, a favor de todos aqueles que, cada vez mais, percebem menos disto.

Se se considera um dos que cada vez mais percebe menos a sua realidade ou se ao fim destes parágrafos está completamente baralhado, não perca as mais irresponsáveis e pouco profundas reflexões, que irão abalar as suas mais fortes convicções…

Até breve.