segunda-feira, 26 de março de 2007

Há crítica de arte em Portugal?

Esqueci o que fui ontem. Hoje sou isto. Amanhã poderei ser ou não.
A isto costuma catalogar-se de Loucura (não a loucura do Erasmus, claro).
A ausência da consciência da temporalidade implica uma ausência da noção de eternidade.

Começamos pois por salientar o carácter efémero de muita da arte dos nossos dias e de qualificar esse facto como algo de indesejável, na medida em que consideramos a arte “coisa” de eternidade, “coisa” não sujeita a upgrades, “coisa” livre, pois sim.

Será necessário falar do encerramento do Rivoli e a posterior entrada triunfal do equivalente ao McDonalds do teatro de revista, o nosso querido Filipe La Féria (será mais um dos Filipes que vêm ocupar o que não é deles?)? Iremos abordar a última ARCO? Podemos ainda falar da ausência total de crítica de arte nos jornais e revistas da actualidade? Porque não? Parece que à terceira é de vez.

Encontramos estrelas dadas às estrelas de cinema e aos filmes de cinema, e podemos constatar que há permissividade, não só para falar bem como para se falar mal, de um filme, ou seja, criticar de forma menos positiva um objecto sujeito a crítica.

Eis que chegamos “aqui” ao “primeiro” assunto desta nossa querida rubrica. E o assunto é: a ausência de uma verdadeira crítica de arte nos media nacionais (e quiçá internacionais).

A crítica existente em Portugal, no que concerne às artes plásticas, está resumida a pequenos textos introdutórios às exposições que por aí flagram, textos esses que, muitas das vezes mal escritos, são encomendados pelos próprios artistas ou pelas próprias galerias. E não nos parece, a nós (pois claro, gente na qual incluo os meus queridos leitores com algum palmo de testa e eu próprio, com um palmo mais pequeno), que alguém encomende algo que não lhe seja favorável. Podemos então somar dois mais dois e chegar à conclusão que a crítica de arte em Portugal é, se não mesmo inexistente, mercenária.
Tendo em conta as altas pressões que poderão ser infligidas sobre o vosso querido narrador, este despede-se introduzindo um escafandro que, esperançadamente, o protegerá. Até breve.

Hugo Santos - "State of the art" #001

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