quinta-feira, 22 de março de 2007

Blasted Mechanism

Conheci os Blasted Mechanism há uns 4 ou 5 anos nas noites da Queima das Fitas do Porto. Quando escrevo "Conheci...", refiro-me à primeira vez que tive o privilégio de fazer parte das viagens cósmicas em busca da espiritualidade (conforme Karkow, Ary e Valdjiu apregoam...), aquilo a que vulgarmente chamamos de 'concertos'.

O nome Blasted Mechanism vive comigo há já uma década, resultado de anos consecutivos de leitura do Blitz. Na altura, não imaginava (limites meus e do próprio meio de comunicação...) o som que aqueles 'seres' travestidos de alienígenas poderiam ou conseguiriam emitir. Por variadíssimas razões, apenas em 2002 ou 2003 consegui vê-los, ouvi-los. Também senti-los. Sim. Um concerto dos Blasted Mechanism sente-se. Ainda hoje recordo com um sentimento de nostalgia saudável a sensação absorvida naqueles 90 e não-sei-quantos minutos de espectáculo. A frase que mais pensei durante aquela performance foi "O que é isto?...". Na altura, não resisti a tentar partilhar a experiência com uma pessoa amiga através de um contacto estabelecido por telemóvel, avisando que ouvir não chegava. 'Aquilo' tinha que ser também visto.

Desde então, tenho acompanhado com especial atenção a viagem destes seres, tentando estar presente nas aterragens das digressões que efectuam. De lá para cá, assisti a cerca de 10 concertos dos Blasted Mechanism, sentindo um crescimento exponencial, musical, conceptual, e (ou mas?) também mediático.
Percebe-se perfeitamente que este projecto tem sido fortemente alavancado pelo apoio do Blitz, Sic Radical e Ant3na, desde o lançamento de "Namaste". O que estou a querer dizer com isto? Nada. Acho muito bem que projectos como estes tenham apoio de especialistas na área da promoção (imprensa, tv e rádio, neste caso...) se, com isso, me for dado a conhecer mais e melhores projectos.

É motivo de uma satisfação enorme poder inaugurar a crónica de "Apreciações" do brakebit.blorg com a minha apreciação (lá está...) do concerto (ou viagem cósmica...?) de apresentação do novo álbum "Sound in Light", realizado no passado sábado 17 de Março no Pavilhão Municipal de Gaia. Se hoje a sensação já não é (não podia ser...) de surpresa total, é de expectativa(s), quase sempre atingida(s) e superada(s).

Blasted MechanismA 1ª palavra vai para os figurinos. Dirão alguns de vós, desde já, "Pois, os fatos são sempre muito malucos. Mas há mais alguma coisa para além disso?". Há, respondo eu. Convicto. Há toda uma mensagem, uma música transmissora dessa mensagem e um figurino que 'embrulha' toda essa música e mensagem. Chamemos-lhe o conceito Blasted Mechanism!
A nova geração está agora (tra)vestida de algo semelhante a "soldados do Cosmos". Detalharia, dizendo que os novos figurinos são impactantes, luminosos!, situados entre um misticismo ancestral e um futuro cósmico.
Li algures que "parecem os Power Rangers". Sim. Fazem lembrar os Power Rangers. A estes, nunca lhes achei piada. O 'som' deles nunca me agradou. Os Blasted Mechanism são bem melhores. Agrada-me a mensagem e agrada-me ainda mais a música que emitem para transmitir a mensagem de união, solidariedade e paz...! Uma paz intensa, frenética, atingida através da transmissão orgânica nas performances ao vivo.

A sonoridade dos Blasted Mechanism avança no caminho da multiplicidade de etnias e tribos, com letras que apelam à procura incessante de uma sã e positiva espiritualidade, através de um código linguístico entre o inglês e o karkoviano. O ambiente festivo mantém-se, supera-se constantemente após a sucessão das várias músicas.
Apelando ao imaginário antigo de temas como "Are you ready?", "I believe" e as inevitáveis "Atom bride theme" e "Karkow" (ver registo vídeo), a banda apresentou temas do novo álbum, onde sobressaem, por ora, o tema single "All the way" (ver registo vídeo), mas também (pressente-se novos e frenéticos 'hits') "Battle of Tribes" (ver registo vídeo) e "Total Rebellion".
A reacção do público é cada vez mais sentida, interactiva, reactiva. Se, em alguns momentos, a música estimula uma partilha serena, noutras é requerida uma atitude mais frenética. De facto, não me recordo de ver, em concertos dos Blasted Mechanism, público com atitudes passivas. Quem não estiver para dançar, saltar, gritar, fica o conselho: não façam parte destas viagens. Se aparecerem, venham preparados. Física e mentalmente.

Duas palavras finais para a alteração do local do concerto e o início do mesmo.

Inicialmente previsto para o Teatro Sá da Bandeira, o espectáculo foi, conforme email recebido, "por motivos alheios aos Blasted Mechanism", transferido para o Pavilhão Municipal de Gaia. Exterior do Pavilhão Municipal de Gaia, sob uma tenda montada para o efeito, acrescento. Parece-me que o público ficou a ganhar. Não vejo o Teatro Sá da Bandeira com condições acústicas e espaço suficiente em palco para servir de ponto de aterragem da nave dos Blasted Mechanism, cujo som emitido exige espaço aberto para que respire bem, algo difícil de conseguir em espectáculos realizados em espaços fechados (sensação reforçada no concerto de encerramento da digressão de promoção de "Avatara", no passado Novembro, no Hard Club).

Não faço parte dos que contribuem para que os concertos comecem 1 ou 2 horas depois do estabelecido. Já gastei (perdi?) largas horas da minha vida por chegar 10 minutos antes da hora prevista para início de concertos, e passar por autênticas "secas", aguardando que as salas enchessem e que as bandas entendessem como a altura certa para os iniciar.
Por motivos de força maior, apenas consegui chegar ao Pavilhão Municipal de Gaia às 22h58. Não consegui conter uma sensação de fustração por, desta vez, o atraso no início do concerto não ter ultrapassado os 30 minutos, tendo os Blasted Mechanism iniciado a viagem por volta das 22h30. Apetece-me perguntar a que horas teria começado se, como é meu timbre, tivesse chegado às 21h50. Prometo estar atento a esta nova - e para ficar, espera-se - cultura do cumprimento (foram só trinta minutitos de atraso...) dos horários estabelecidos.

Hugo Canossa - "Apreciações" #001

2 comentários:

Ana Carvalho disse...

concordo concordo concordo... hoje estou numa de reviver as vezes todas que estive lá na linha da frente. saudades do antigo vocalista. Mas enfim os tempos mudam e o último álbum está demais, finalmente a dizer tudo explicitamente. Viva a revolução do Homem e do Amor!
:D

Ana Carvalho disse...

ah é verdade esqueci-me de dizer. também estive neste concerto de Gaia :)))